Pensava eu estar tudo em ordem para que o
comandante de companhia autorizasse e assinasse o documento, quando este se
lembra que antes era necessário fazer um balanço ao material da arrecadação,
conferindo as existências com as saídas registadas no respectivo caderno.
Fui surpreendido por esta atitude porque tinha
por hábito deixar trazer a quem terminava a comissão um cantil, um cinturão ou
uma faca de mato como recordação da sua passagem pela guerra, sem nunca pensar
no que isso iria resultar, após a conferência verificou-se uma diferença para
menos de aproximadamente vinte e oito peças.
Mais uma vez e seguindo o velho lema que na
tropa há que desenrascar e contando também com alguma cumplicidade do sargento
Guerreiro, resolvi a situação carregando no caderno mais uma peça nalguns dos
nomes de soldados africanos operacionais que por força da sua missão em
combate, seria mais fácil justificar a perca de algum desses objectos.
Finalmente tudo estava em ordem e pode começar
com a colaboração de outros camaradas, a organização da minha festa de
despedida do Bachile que se realizou dois ou três dias antes da minha ida para
Bissau.
Não faltou nada, nem a já tradicional cabra de
mato assada no forno, a caldeirada de gazela, o javali e muito marisco cozido e
grelhado, tudo bem regado por cerveja e vinho verde Casal Garcia.
Foi como seria de esperar, a oportunidade para
mais uma excelente demonstração de pura amizade e camaradagem.
Também várias vezes tinha sido desafiado a
acompanhar um grupo de furriéis africanos que confeccionavam pontualmente uma
caldeirada de macaco, que apesar de todos os elogios que ouvia referentes
aquele manjar, consegui sempre resistir porque se o aspecto e o cheiro convidavam,
a forma como era apresentado com as patas expostas nos topos da travessa fazia
com que recuasse nas minhas intenções.
Até que, depois de tanta insistência, não quis
perder esta última oportunidade e acabei por não resistir sentando-me à mesa
com os camaradas, saboreando uma estupenda caldeirada de macaco, confeccionada
com aquele toque culinário que só os africanos sabem dar.
Depois de feitas as malas, a 4 de Março de
1974 foi-me entregue a guia de marcha com a indicação para me apresentar no dia
seguinte em Bissau no DA/CTIG (Depósito de Adidos/ Comando
Territorial Independente da Guiné) para aguardar transporte.
O dia da partida do Bachile foi vivido com
grande intensidade, morava em mim um sentimento mesclado entre uma enorme
alegria por estar iminente o meu regresso a casa, com um outro de saudade (mantenhas)
pelos bons momentos vividos durante cerca de dois anos, juntamente com um
grupo de seres humanos extraordinários com os quais partilhei excelentes
momentos a par de outros muito mais difíceis e complicados, resultando numa
enorme experiência de vida.
Nem todo o efectivo de militares africanos
tinha conhecimento do fim da minha comissão, mas alguns que souberam tiveram
nesse dia atitudes que me surpreenderam muito pela positiva e até me
emocionaram, mesmo aqueles com os quais não mantinha o melhor relacionamento.
A despedida do Augusto Martins Caboiana,
também representou para mim um momento de grande significado, não só pela
grande afectividade que nos unia, mas também pela incerteza quanto ao seu
futuro, igualmente a imagem que guardo de todos os meus camaradas no momento da
despedida, é extremamente significativa, emoção renovada sempre que uns partiam
e outros ficavam.
Neste dia o sargento Guerreiro teve o cuidado
de preparar uma caixa com alguns produtos hortícolas criados no nosso quintal,
para que quando chegasse aos adidos fossem entregues ao sargento responsável
pela secretaria de forma a me dispensar de formaturas e serviços enquanto
estivesse em Bissau.
Quando já estou sentado na viatura que me iria
transportar pela última vez do Bachile para Teixeira Pinto, surge novamente o
sargento Guerreiro, desta vez para me dar mais um abraço e entregar-me um
envelope com dez mil escudos para eu gastar enquanto estivesse em Bissau.
De
todas as colunas em que participei, esta foi sem dúvida para mim a mais difícil,
não porque tenha havido algum problema mas por estar sempre presente a possibilidade
de poder suceder algo, acrescentando o facto de esta ter sido efectuada
sem arma de defesa já anteriormente entregue
no quartel com o restante espólio.
Assim que cheguei a Brá ao quartel dos adidos,
apresentei-me ao responsável pela secretaria com uma recomendação da parte do
sargento Guerreiro, entregando-lhe a caixa recheada de alfaces, tomates e
pepinos. Este, percebendo a mensagem depois de registar a minha chegada
informou-me que estaria isento de serviços e formaturas, mas que estivesse
atento à lista que diariamente era afixada na companhia de transportes.
Entretanto o meu camarada 1º cabo mecânico
Pereira, tinha efectuado um contacto com um furriel do regimento de transportes
seu conterrâneo, no sentido de quando fosse possível tentar uma vaga num dos
voos mais próximos.
Nos adidos, lá arranjei uma cama onde dormir e
encontrei onde guardar de uma forma segura a minha mala com roupa e outros
objectos pessoais.
Da farda militar apenas possuía o que tinha
vestido, lavava a camisa e esperava que secasse para a vestir de seguida,
depois sucedia o mesmo com as calças que para ficarem minimamente
apresentáveis, eram antes de estarem demasiado secas, vincadas com um pente de
alumínio que lhes davam um aspecto de terem sido bem engomadas.
Acordava normalmente muito cedo e depois da
higiene matinal e de um bom pequeno-almoço na cantina do quartel, fazia-me à
estrada em direcção à cidade, umas vezes em transportes públicos, outras a pé
ou à boleia numa qualquer viatura militar.
Nesta época o típico transporte público na
Guiné era assegurado pelos Toca – Toca (transporte colectivo em
carrinhas tipo Hiace) apesar de também já existirem alguns autocarros
pertencentes a uma empresa de transportes portuguesa
Foram onze dias vividos em Bissau de uma forma
bastante intensa mesmo quase no limite, como não fazia parte da escala de
serviços nem tinha horários a cumprir, vagueava todo o dia pela cidade,
tentando passar o tempo da melhor forma possível, porque os dez mil escudos
trazidos do Bachile, eram naquele tempo muito dinheiro.
Parava aqui e acolá evitando apenas meter-me
onde pudesse surgir grandes confusões que nesta altura eram bastante frequentes
na cidade, provocados por alguns bombardeamentos ou rebentamentos que chegaram
a atingir locais de maior aglomeração como à saída do cinema UDIB.
Também evitava parar em locais onde alguns dos
militares cujas companhias terminada que estava a sua comissão, aguardavam o
embarque para a metrópole, não sem, provocarem confusões nas esplanadas das
principais cervejarias situadas na avenida principal de Bissau.
De manhã parava em duas ou três casas para
petiscar qualquer coisa, ou fazia uma visita ao mercado de Bandim, adquirindo
algum objecto de última hora para trazer como recordação de forma a responder a
algumas solicitações.
Entretanto chegava a hora de almoço que
aproveitando o dinheiro trazido do Bachile, fazia-o nos melhores restaurantes
da cidade, sim porque no mato a malta comia qualquer coisa, mas na cidade e com
dinheiro no bolso armamo-nos em finos.
Depois, uma ida até há esplanada do café
Bento, (5º repartição) para engraxar os sapatos ou ler os jornais
desportivos que tinham acabado de chegar no avião da TAP e manter dois dedos de
conversa com o pessoal que por ali parava vindo dos mais diversos pontos da
Guiné.
Entretanto chegava a hora do lanche e mais
umas quantas paragens pelas cervejarias até ao jantar que podia ser em qualquer
dos vários restaurantes existentes na cidade ou em alternativa mais uma vez na
Base Aérea de Bissalanca, onde se encontrava em serviço o meu amigo Mário
Pascoalinho.
À cidade chegava o eco dos últimos
acontecimentos no interior e nos dias de coluna lá estava eu a aguardar a
viatura do Bachile para saber as novidades mais recentes.
Entretanto quase todos os dias deslocava-me à
companhia de transportes para consultar a lista do pessoal escalado para o
próximo voo, embora muitas vezes alterada à última hora em consequência da
intensidade de acontecimentos ocorridos no mato.
Foi assim até ao dia 15 de Março, em que
depois de mais uma ida à companhia de transportes, verifiquei que o meu nome
não fazia ainda parte da lista.
Resolvi extraordinariamente dar uma volta mais
demorada pela noite de Bissau, quando já bem depois da uma hora da manhã, sou
confrontado com a notícia de que um militar do quartel dos adidos, andava num
jipe pela cidade à minha procura para que efectuasse as análises clinicas
obrigatórias sem as quais não podia regressar à metrópole, porque afinal,
resultante de uma alteração de última hora, o meu nome estava na lista e tinha
voo marcado para o dia seguinte.
Achei tudo muito estranho, porque horas antes
não tinha essa confirmação, por isso no regresso ao quartel de adidos passámos
pela companhia de transportes e verificámos que efectivamente a mesma tinha
sido alterada e lá estava o meu nome em penúltimo lugar de uma lista de mais de
cento e cinquenta elementos.
Rapidamente e porque já era demasiada tarde,
tentei organizar em definitivo, tudo o que já tinha minimamente preparado.
De seguida, fiz os procedimentos necessários e
as análises para poder obter os resultados de forma a poder estar por volta do
meio-dia no aeroporto para eventualmente seguir viagem para Lisboa.
Chegado ao aeroporto, vivi mais alguns
momentos de ansiedade, na sala de embarque o ambiente estava bastante agitado
porque nas últimas horas, tinha-se agravado a situação no interior do território,
provocando uma constante chegada de helicópteros transportando vítimas com
destino ao Hospital Militar, ou nos casos mais graves evacuados para Lisboa.
Com o número de feridos a necessitar de
evacuação a aumentar, começaram a ser eliminados os últimos nomes da lista de
embarque, iniciando-se este processo, pelos elementos na situação de reserva e
posteriormente pelos efectivos.
Por pouco, não conseguia lugar neste voo
porque, depois de eliminados alguns elementos, estava na eminência de não
embarcar naquele dia caso nos próximos momentos aparecesse mais alguma vítima
grave.
Só por volta das quinze horas se deu início à
viagem, a bordo de um Boeing da FAP, completamente lotado por militares cuja
comissão tinha terminado e que não disfarçavam a alegria daquele momento, se
bem que naquele mesmo avião vinham alguns camaradas em situação muito crítica,
acontecendo mesmo o pior durante a viagem a dois elementos que se encontravam
em situação mais crítica.
Fizemos uma escala técnica na Ilha do Sal em
Cabo Verde, o bar do aeroporto foi o local para extravasar uma alegria
indiscritível, já ninguém conseguia segurar aquele grupo de homens que estavam
a poucas horas de regressar a casa.
Na pausa que efectuámos de menos de uma hora,
gastei os últimos pesos que me restavam.
Depois seguimos em direcção a Lisboa e a
euforia aumentava consoante nos aproximávamos do nosso destino.
A viagem estava a decorrer com normalidade
mas, com a aproximação a Lisboa, começa a ser perceptível que algo se passa,
recordo-me que a primeira informação que nos foi prestada pelos elementos da
tripulação, foi a de que tinha acontecido um acidente do qual ainda não havia
muitos pormenores e que tal facto implicaria um considerável atraso na
aterragem em Lisboa.
Não foi muito convincente aquela informação e
poucos minutos depois verificamos que o avião sobrevoa a cidade, fazendo
algumas tentativas para aterrar sem resultado.
Esta situação começou a deixar-nos
preocupados, estávamos no fim de um dia 16 de Março, que se apresentava muito
cinzento e com temperaturas relativamente baixas.
Finalmente, após longos e intrigantes minutos
de indecisão com a aeronave sobrevoando Lisboa, o aparelho coloca as rodas na
pista e imobiliza-se na zona militar de Figo Maduro.
Antes de nos ser dada autorização para sair
foram-nos prestadas rigorosas indicações em como proceder logo que
estivesse-mos fora do avião.
Ao abrir das portas deparamo-nos com um enorme
aparato bélico, militares armados faziam protecção a várias zonas do aeroporto
militar e em redor da aeronave. Mais adiante, um oficial do exército substitui
as guias por outras, indicava-nos que fosse-mos no dia seguinte ao quartel de
adidos na Calçada da Ajuda, concluir o processo de desmobilização.
Depois de tanta perturbação que mais fazia
lembrar termos saído de uma guerra para entrámos noutra, foi finalmente
possível saber a verdade sobre o que realmente estava a acontecer, junto dos
familiares que amigos que aguardavam os militares.
O quartel RAL 1 (Regimento Artilharia
Ligeira) na Encarnação apresentava junto à porta de armas um aparato fora
do comum, também nas principais vias de acesso à auto-estrada, estavam
barricadas algumas viaturas militares blindadas e era notória muita tensão nas
pessoas com quem me cruzei.
O
que tinha acontecido efectivamente, foi uma primeira tentativa de golpe militar
contra o regime, no entanto abortada porque só o Regimento de Infantaria 5 das
Caldas da Rainha tinha marchado sobre Lisboa, falhando o golpe que resultou na
detenção de cerca de duzentos militares.
Este movimento era uma reacção pronta à
exoneração de Spínola e de Costa Gomes que não se tinham mostrado solidários
com o regime, numa reunião que ficou conhecida por “brigada do reumático”
realizada dois dias antes entre Marcelo Caetano e os oficiais leais ao governo.
Cheguei finalmente a casa, já a noite ia alta
e logo à entrada constato que o estado de saúde do meu pai se tinha agravado
consideravelmente.
No dia seguinte, desloquei-me ao quartel de
adidos na Calçada da Ajuda, entregando o que restava da farda militar,
recebendo em troca uma guia que substituía a respectiva caderneta a ser
entregue posteriormente, terminando desta forma a minha missão como militar.
Chegados à metrópole, éramos completamente
despejados e entregues a nós próprios, não nos era facultado qualquer apoio
necessário à integração de quem esteve ausente nalguns casos mais de dois anos,
num meio completamente diferente, hostil e sobre uma pressão contínua.
Penso que uma recepção condigna implicava no
mínimo algum apoio médico após a chegada, com a realização de exames clínicos
adequados.
Meses mais tarde, recebi um aerograma
informativo do local onde me dirigir caso necessita-se de apoio se viesse a
verifica-se haver sintomas de doença parasitária ou paludismo.
Andar em Lisboa nos primeiros dias e no meio
de tanta confusão foi complicado, sentia-me completamente confuso e deslocado,
a adaptação ainda demorou alguns dias até atingir alguma normalidade.
Como a vida não estava para tempo de vacas
gordas e porque era necessário contribuir para o fraco rendimento familiar,
poucos dias após retomei a minha actividade profissional
Quando regressamos de uma experiência destas,
à seguramente uma perda de inocência, nenhum de nós foi para a guerra e voltou
impunemente igual.
Os nossos amigos e familiares deram conta
disso. Já não éramos os mesmos, nunca mais fomos os mesmos.
Muitos milhares de jovens do meu tempo
baldaram-se à guerra, recusaram-na.
A maioria deu o salto para França, antes de
serem enfiados
dentro de algum navio
ou de um avião. Outros já em cenário de guerra desertaram e abrigaram-se nas
forças do PAIGC.
Fui empurrado para uma guerra por obrigação
mas absolutamente contrariado, não pretendo criticar quem a fez com convicção,
nem quem escolheu outros caminhos, mesmo os que optaram pela sua recusa porque,
o meu modelo de vida e os meus valores servem muito bem a minha consciência.
Fiz quase dois anos de comissão, cheios de
riscos, privações e sacrifícios, mas não atiro pedras a ninguém, assim como não
aceito que se atrevam a atira-las a mim, não querendo sequer pensar que este
sentimento seja partilhado por todos.
Naturalmente que os excessos fizeram também
parte da nossa passagem por África, pessoalmente e sem ter sido nenhum santo,
garanto que só no contexto do factor guerra é que eventualmente poderei ter
cometido algum acto mais reprovável.
Que o exército chamado colonial cometeu crimes
é verdade, testemunhei alguns actos que não fez, nem faz de todos nós,
violadores, torturadores, ou massacradores.
Inerentes ao colonialismo e ao sistema em
vigor, foram a violência, a opressão e a injustiça.
Estávamos numa guerra onde ninguém pediu para
ir, e a intenção era matar para não morrer.
Assim de ambos os lados tornou-se inevitável
não haver mortos ou feridos em combate.
Felizes aqueles camaradas que nunca estiveram
envolvidos em acções de combate e por isso não sabem quanto traumatizante é
viverem várias vezes essa situação.
Passados mais de trinta anos sobre o processo
da descolonizarão, o país começa, finalmente a encarar os efeitos que a guerra
causou sobre uma geração de jovens.
Muitos ficaram com marcas para sempre porque
não há guerras limpas.
Não
acredito em guerras sem injustiças e sem atrocidades, porque não se faz a
guerra sem matar.
Muitos de nós, jovens com pouco mais de vinte
anos os “meninos das suas mães” que não foram educados para o mal, vivem
ainda de alguma forma prisioneiros dos seus pesadelos provocados pelo stress
que corrói vidas.
Ao longo do tempo, mas sobretudo depois do
final da guerra, houve por parte do poder político uma tentativa de fazer
esquecer o que a mesma tinha representado.
Houve uma tentativa de confundir colonialismo
com o dever pátrio, sentiam a necessidade de fazer esquecer a intervenção
querendo misturar tudo no mesmo saco, desvirtuando o papel dos jovens portugueses
chamados à força para defender uma parcela de terreno que ao longo da vida, nos tinham ensinado ser nossa
Deste modo, durante alguns anos, conseguiram
ainda confundir uma boa parcela da opinião pública.
Ao
contrário do que muita gente tentou demonstrar, não fomos só o produto de uma
geração colonialista, fomos sim também uma geração excelente porque cumprimos
exactamente o que nos tinha sido ordenado.
Cumprimo-lo de tal forma que, estou convicto
de que muito provavelmente, nenhum outro povo mesmo de países mais
desenvolvidos seria capaz de o ter feito tão bem naquelas condições.
Nós resistimos ao terror, à falta de comida,
à falta de formação conveniente e a muitas outras carências e situações,
perante uma força hostil que estando no seu próprio território, conhecia-o como
ninguém e apresentava-se muito melhor equipado.
Também
aqui reservo um espaço onde pretendo demonstrar um enorme carinho e amizade
pelo povo da Guiné que apesar de ter ganho a guerra, creio que passados tantos
anos não ter ainda conseguido ganhar a paz.
Relatos
recentes de antigos camaradas que têm tido oportunidade de visitar a Guiné, são
testemunho real de quanta ainda aquela gente nos admira e estima.
Não
vou certamente esquecer tão depressa a profusão de sentimentos, odores e de
cores que tornavam cada deslocação numa viagem de prazer único para quem como
eu ama a natureza.
“Se
chorei ou se sorri o importante é que emoções eu vivi”
Não
posso terminar esta transcrição da minha passagem pela Guiné, sem prestar uma
simples homenagem aqueles com quem privei de perto e viram as suas vidas
terminadas de uma forma precoce.
Por
isso, incluo neste trabalho uma lista com o registo dos nomes de alguns
camaradas da minha unidade, que desapareceram antes ou após ter terminado a
minha comissão, com particular significado para o meu amigo de infância: Diogo
Conceição Salgueiro.
Nome
|
Batalhão/Companhia
|
Data Falec.
|
MALAN CANDÉ
|
CCaç 16
|
21-08-1973
|
UPA GOMES
|
CCaç 16
|
01-04-1972
|
ARNALDO DO NASCIMENTO CARNEIRO CARVALHO
|
CCaç 16
|
22-04-1974
|
ALBINO GOMES DA COSTA
|
CCaç 16
|
22-04-1974
|
PAULO CAIESTA TUI MENDES
|
CCaç 16
|
22-04-1974
|
AZEVEDO GOMES
|
CCaç 16
|
30-10-1973
|
AMBRÓSIO CAPAMBU INJAI
|
CCaç 16
|
22-04-1974
|
CARLOS GOMES
|
CCaç 16
|
22-04-1974
|
JOÃOZINHO DA SILVA
|
CCaç 16
|
07-06-1974
|
JOSÉ PINTO ALVES
|
CCaç 16
|
10-08-1974
|
MARCELINO FORMOSO CATENDI MENDES
|
CCaç 16
|
19-03-1972
|
PAULO MENDES
|
CCaç 16
|
01-07-1973
|
POLICARPO AUGUSTO GOMES
|
CCaç 16
|
22-04-1974
|
SAMPER GOMES
|
CCaç 16
|
22-04-1974
|
VICENTE RODRIGUES
|
CCaç 16
|
22-04-1974
|
LUÍS DA COSTA
|
CCaç 16
|
22-04-1974
|
PAULO DA VEIGA
|
CCaç 16
|
29-09-1972
|
NULASSO ALBINO GOMES
|
CCaç 16
|
22-04-1974
|
DIOGO CONCEIÇÃO SALGUEIRO
|
BArt 6522/72
|
25-07-1974
|
|
|
|
Após o 25 de Abril de 1974, iniciam-se
as negociações para um cessar-fogo que só vem a concretizar-se em Junho,
reconhecendo Portugal, a independência da Guiné em Agosto do mesmo ano.
BIBLIOGRAFIA
Luís Graça— Subsídios para a história da guerra colonial
Guiné-Bissau-- -No contexto dos países de língua
Portuguesa— Roberto
Pontes
Wikipédia – A enciclopédia livre
Centro de documentação 25 de Abril – Universidade de
Coimbra
Mitoseritos---- Memórias da guerra-Bachile-Guiné
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