domingo, 20 de junho de 2010

SARAMAGO 1922-2010


Não conheço profundamente nem o homem nem a sua obra, mas isso não me impede de dedicar-lhe algumas linhas neste espaço, como forma muito simples de homenagear particularmente a sua coerência.
Nasceu a 16 de Novembro na Rua da Alagoa da Azinhaga, (Golegã) no seio de uma família de camponeses. Seu pai José de Sousa era jornaleiro e sua mãe Maria de Jesus, doméstica.
O seu nome, Saramago, advém de um lapso cometido pelo funcionário do registo civil que incluiu o nome de alcunha, tornando-se o primeiro Saramago da família Sousa, pois não fora este lapso o seu nome seria José de Sousa.
Com três anos veio com a família viver para Lisboa e aqui fez os seus estudos e iniciou a sua actividade profissional como serralheiro mecânico nas oficinas dos Hospitais Civis de Lisboa.
O seu primeiro romance é publicado em 1947 e tem por título “Terra do Pecado”.
Após um percurso alternado entre novas publicações e experiências profissionais diversas, é distinguido com variadíssimos prémios como reconhecimento da sua obra.
São simultaneamente alguns anos de uma vivência algo conturbada que o levam a instalar-se em Lanzarote com a sua terceira esposa Pilar del Rio.
Foi um homem muito coerente e de grandes convicções
Em 1998 a academia sueca atribui-lhe o Nobel da literatura, quer no nosso país quer no estrangeiro, surgiram os aplausos ao mesmo tempo que a indiferença e a hostilidade
O mais militante e o mais polémico dos escritores portugueses
Era sem papas na língua que dentro ou fora de Portugal não aprovava práticas que no seu entender transgrediam as convenções, tratados e legislações nacionais
Em termos literários completou-se escrevendo poesia, teatro, conto, memórias, critica literária em jornais e revistas e até escreveu para crianças.
A sua vasta obra traduzida em mais de 30 países e foi distinguida com numerosos prémios nacionais e internacionais.
Após o Nobel, Saramago este muito activo em aparições públicas em muitas das quais entrou em rota de colisão com instituições e governos.
Mesmo aqueles que nem sempre demonstraram grande simpatia e apreço por José Saramago quer como homem quer como escritor, não se esqueceram de o homenagear publicamente.
Citando um dos muitos populares nas cerimónias que antecederam o seu funeral, “Saramago disse sempre aquilo que provavelmente todos nós queríamos dizer”
Acrescento que para min, Saramago foi um homem "Levantado do Chão"

sábado, 5 de junho de 2010

ENVELHECER EM PORTUGAL


A propósito de um programa de televisão recentemente emitido quero expressar a minha opinião sobre a velhice em Portugal, um processo fisiológico próprio dos seres vivos.
Somos o 7º país mais envelhecido do mundo e 40% dos portugueses com mais de 65 anos, passam oito ou mais horas por dia sozinhos.
São segundo o Instituto Nacional de Estatística, 321 mil idosos completamente desprotegidos durante largas horas, havendo nestes uma percentagem superior de mulheres.
Problemas económicos e a solidão, são identificados como os principais problemas que atigem actualmente os idosos, muitos não têm capacidade financeira para adquirirem alimentos e o custo dos produtos alimentares é uma das razões para não fazerem refeições mais saudáveis.
Somos um país com muito trabalho a fazer pelos nossos idosos que segundo relatos frequentes são muitas vezes tratados como uma encomenda.
É evidente a enorme falta de tratamento afectivo ou carinho e mesmo nos grandes hospitais, salvo raras excepções, não lidam com esta faixa etária da forma mais correcta, porque não há ou são muito poucos os clínicos especializados em geriatria
Os cuidados ao domicílio apoiados pela segurança social ou por outras instituições de solidariedade, não conseguem uma resposta que permita uma velhice digna embora este facto resulte também de outros factores de âmbito muito complexo.
Ao contrário do que sucede na Suécia país que se caracteriza pelo elevado nível de protecção social praticado nomeadamente aos idosos em Portugal, os elementos prestadores de serviços são frequentemente rodados de forma a não criarem qualquer tipo de afectividade com os idosos e doentes.
É claro que nenhum país conseguirá algum dia atingir níveis de perfeição no entanto seria óptimo seguir alguns exemplos da Suécia onde o respeito e o cumprimento dos direitos humanos e especificamente os direitos dos idosos estão na linha da frente.